sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O que ela quer



 De: (Anderson Farias do Nascimento)

Você me fala do sol, do luar e do céu
Eu respondo “que se dane isso tudo”
Rasga e joga fora essas poesias
Porque o que ela quer é um orgasmo essa noite

Quem sabe amanhã ela aceite flores
Quem sabe depois de amanhã queira ser ouvida
Pouco importa, pois ela quer o que eu quero
E eu vivo um dia de cada vez

Desejei a ela um dia maravilhoso de trabalho
Ela sorriu e achou gentil de minha parte
Se virou e partiu
Sem perceber que eu a admirava de costas

Não sou insensível, procuro dar o que ela quer
Carinho, companheirismo, ouvidos e calor
Não sou totalmente insensível vou lhe dar o que quer
E o que ela quer é um orgasmo essa noite.


domingo, 16 de janeiro de 2011

A Fachada do nosso casamento de.

O que é de mentira
Não é engraçado
Porque a risada
Não é de verdade
Não sei pra que tanto alarde
Pra que acabar algo
Se esse algo nunca começou?
A vida é dura
Que bom porque eu sou de pedra
Limpo o pau na cortina
E vou embora
Pra que tanta aliança?
Vestido, docinho, padrinho
Padre, igreja, cerveja
Pra mostrar pra outras pessoas
Sua certidão de casamento
Só para atestar oficialmente
A data de inicio de nossa mentira.

sábado, 15 de janeiro de 2011

GELO EM VIDA, VIDA EM GELO

autor: Anderson Farias

      
Subiu, você subiu bem alto
Catou no céu um sonho
Escondeu entre os seios
No seu sutiã
Aquela manhã
Se entortando pra noite
Preparei meu catarro pra cuspir da janela
Batizando a favela de outra dimensão
Não havia mais samba
Só havia distância
Vou vestir suas roupas
E me enforcar no sotão
E quando você voltar
Do continente gelado
Corte meus restos em pedaços
E ponha pra congelar
Minha alma flutuará
Na cadência do samba
E a saudade se tornará relevância
Toda vez que o inverno chega

domingo, 6 de setembro de 2009

Exílio

 
 
Exílio
(Anderson Farias)
 
A ruptura
A descostura
A queda dura da muralha
 
A união
A amargura
A percepção da nossa ditadura
 
O Exilio
O maurilio
Nego bom que já morreu
 
A liberdade
O livre arbitrio
Eu tô confuso por soltar um sorriso
 
A escuridão
O meu conflito
Matava minha fome matando mosquito
 
O 38
O bar do cuca
miolos meus espalhados na sinuca

Passa Boi Passa Boiada na Moenda de Cana de Açucar

 
 
Passa Boi Passa Boiada na Moenda de Cana de Açucar
(Anderson Farias)
 
Te chamei para dar um passeio
E te passei
Cortando em pedaços dilacerei
E te joguei numa moenda
Moenda de cana de açucar
Para lhe refazer
Te reconstruir de uma forma mais doce
Misturei-te com barro de forma dinâmica
Te compuz como vaso de cerâmica
Te pintei com tinta orgânica
E lhe pus a secar
Longe do vento que vinha do mar
Quando secaste já era manhã
Aproveitei pra plantar em ti
Um lindo pé de maçã
Tempo bruto sofrimento pela espera
Do primeiro fruto
 
Meu fruto
Minha comida
Deslizava dentro de mim
Lubrificada com saliva
Deixando as sementes estacionadas
Antes de chegar a tuba uterina
A semente da maçã moldava meu destino
Crescia um pé de maçã no meu intestino
Que crescia
Sufocava
Dilacerava minha carne interna
Em velocidade voraz
Esperneio ao me ver partir ao meio
Minha salvação não virá pelo correio
Minha lágrima de orvalho
Crescia e me rasgava
Cada ramo cada galho
 
Hoje sou carne morta
Hoje sou pé de maçã
Você moldada como vaso ao meu lado
E eu não posso tocar-te
Hoje é um dia tedioso
Sou peixe fora dagua
Sou planta fora do vaso

Lágrimas de Crocodilo e Encanações Lacrimais Erroneas

 
 
 
 
Lágrimas de Crocodilo e Encanações Lacrimais Erroneas
(Anderson Farias)
 
Conferi meticulosamente nos seus olhos
Áridos
Secos
Parecem o grande deserto do Saara
Nenhuma gota
Nenhum pingo
Nessa casa não tem goteira
Não Pinga "ni mim"
Será que pinga em alguem?
Nenêm...
Meu bem...
Vou abrir seu peito com um machado
Só pra ver o que é que tem
Um riacho correndo
Por cima do seu pulmão
Me senti arrepiado
Por inteiro
Provei da agua e tinha gosto
De soro caseiro
Fiquei isento
Em tormento naquele momento
Quando entendi que seus olhos eram secos
Porque chorava pra dentro

sábado, 5 de setembro de 2009

A Mulher de Cimento



 A Mulher de Cimento
(Anderson Farias)

A mulher de cimento
Passou por mim
Fitou-me com um olhar de concreto
Que tinha o peso de dez lajes batidas

Ela parecia querer me perguntar algo
Mas seus labios de pedra nem sequer sorriam
Fiquei tão curioso
Que quis ter uma britadeira

A convidei para um passeio
Ela não falou
Afinal quem cala consente
Roubei de uma construçao o seu presente

Ela sorriu com um sorriso de cerâmica
E disse que o piso era escorregadio nos fins de semana
E me fez sentir em demolição
Quando me contou que tinha um chão

De onde veio esse vergalhão que furou meu coração?
Quantas pedras escondidas tenho em minhas mãos?
Queria rabiscar em tua pele cinza
Antes de contar o ultimo carneirinho

Ficarei de peito aberto até o sol raiar
E seu calor severo fará meu coração petrificar
Daí então acabara meu sofrimento
Quando virar pedra meu coração de cimento