A Mulher de Cimento
(Anderson Farias)
A mulher de cimento
Passou por mim
Fitou-me com um olhar de concreto
Que tinha o peso de dez lajes batidas
Ela parecia querer me perguntar algo
Mas seus labios de pedra nem sequer sorriam
Fiquei tão curioso
Que quis ter uma britadeira
A convidei para um passeio
Ela não falou
Afinal quem cala consente
Roubei de uma construçao o seu presente
Ela sorriu com um sorriso de cerâmica
E disse que o piso era escorregadio nos fins de semana
E me fez sentir em demolição
Quando me contou que tinha um chão
De onde veio esse vergalhão que furou meu coração?
Quantas pedras escondidas tenho em minhas mãos?
Queria rabiscar em tua pele cinza
Antes de contar o ultimo carneirinho
Ficarei de peito aberto até o sol raiar
E seu calor severo fará meu coração petrificar
Daí então acabara meu sofrimento
Quando virar pedra meu coração de cimento